Rodovias bloqueadas: Anvisa pede que Saúde garanta acesso a insumos

Anvisa cobra que Saúde garanta "fluxos contínuos e desimpedidos" aos insumos com estradas bloqueadas e monitora possíveis desabastecimentos

Rodovias bloqueadas: Anvisa pede que Saúde garanta acesso a insumos

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou, no fim de terça-feira (1º/11), um ofício ao Ministério da Saúde pedindo que o órgão garanta “fluxos contínuos e desimpedidos” de insumos de saúde, em face dos bloqueios de rodovias federais. Nesta quarta (2/11), 17 estados têm pontos de interdição e bloqueio, organizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Em nota, o órgão regulador também disse que monitora possíveis desabastecimentos de suprimentos de saúde. “Já preocupa o risco de desabastecimento, passível de gerar impactos na cadeia de suprimentos de saúde, caso não se efetive um pronto reestabelecimento do transporte correlato ao tema”, consta no documento.

 

A agência também ressaltou a importância de assegurar o ir e vir de cargas. “Deste modo, solicitamos especial atenção, a fim de que se possa manter e garantir o livre acesso da população à insumos de saúde”, concluiu Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, que assina o ofício.

Além da Saúde, o documento foi enviado aos ministérios da Justiça e Casa Civil. A Anvisa também oficiou o Ministério Público Federal (MPF), o Supremo Tribunal Federal (STF) e os conselhos nacionais de secretários estaduais e municipais de saúde (Conass e Conasems).

Desabastecimento indicado pela Anvisa

Em nota divulgada nessa terça-feira (1º/11), o Instituto Butantan informou que a produção de 1,5 milhão de vacinas contra a gripe pode ser comprometida caso não haja desobstrução de estradas.

“A produção de 1,5 milhão de doses de vacina contra Influenza pode atrasar por causa da paralisação dos caminhoneiros. Uma carga de 520 mil ovos está bloqueada em Jundiaí. Se não chegar ao Butantan até o fim manhã, a fabricação poderá ficar comprometida”, informou o instituto.

Além disso, em nota divulgada na tarde de terça, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) alertou que aeroportos do país podem ficar sem combustível devido aos bloqueios. A dificuldade na chegada de profissionais, tripulantes e passageiros aos aeroportos também pode dificultar a operação e prejudicar o transporte gratuito de órgãos para transplantes e envio de cargas, alertou a associação.

Posição da Saúde

Na terça, a reportagem do Metrópoles questionou o Ministério da Saúde sobre o prejuízo ao transporte de órgãos para transplantes. A pasta não respondeu aos questionamentos.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga foi questionado, em coletiva de imprensa na terça-feira, se o Ministério da Saúde poderia tomar alguma providência para evitar o comprometimento na fabricação de vacinas contra a gripe.

ministro respondeu que o assunto não é de competência da pasta. “Em relação a essa questão das estradas, o Ministério da Saúde é responsável por vigilância em saúde, não vigilância rodoviária. Esse tema está judicializado, o STF já se manifestou sobre esse assunto”, alegou.

Queiroga afirmou esperar que as vias sejam liberadas para que os serviços essenciais sejam retomados. “Esperamos que aconteça a liberação do fluxo de automóvel nas estradas brasileiras para que consigamos restabelecer essas agendas”, concluiu.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, tuitou na manhã desta quarta-feira (2/11) falando das ações de desinterdição da PRF nas rodovias federais. E afirmou que foram feitos 544 desbloqueios entre as 18h de domingo (30/10) e as 7h de hoje – os dados da PRF são ainda mais recentes. “Reitero o pedido do presidente Jair Bolsonaro para que as manifestações não impeçam o direito de ir e vir de todos”, escreveu.

Nos últimos dois dias, o Ministério da Justiça e Segurança Pública aplicou 912 multas a condutores autuados por bloquearem rodovias. De acordo com a pasta, as multas variam entre R$ 5 mil e R$ 17 mil, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Fonte https://www.metropoles.com/brasil/bloqueios-anvisa-insumos